No Grupo Escolar, tive uma professora que foi abandonada pelo marido e tomou soda cáustica, para morrer. Não morreu. Permaneceu uma semana na Santa Casa, e depois voltou a dar as suas aulas, mais magra e amarga, mas sempre eficiente. Tive outra que era muito bonita, mas ela me traiu, casando-se com um caixeiro-viajante, e mudou de cidade. As mulheres traem, nem todas, é claro.
Fiquei arrasado, mas afinal consegui superar a sua traição. Uma terceira, no ginásio, era professora de Biologia, e todos os dias chamava-me ao quadro negro para que eu desenhasse ali as figuras do livro adotado, a fim de expô-las aos alunos. Ela aprovava sempre os meus desenhos, com um aceno de cabeça quando eu retornava para a minha carteira.
Acho que as mulheres são vocacionalmente mais dotadas para o ensino do que os homens. São delicadas, e algumas belas. As professoras de antigamente quase sempre sustentavam os maridos, uns vagabundos. As professoras do primário começavam lecionando na roça, para onde tinham de ir todas as manhãs, de charrete. Só mais tarde é que conseguiam promoção efetiva para a cidade.
Antes, as escolas não eram mistas, as classes ou eram só de meninos, ou só de meninas. A separação dos sexos era rigorosa, desde que éramos pequenos, e mais tarde tudo viria a misturar-se. O mesmo acontecia nas igrejas: mulheres para cá, homens pata lá. O que não impedia o namoro e o casamento.
Duros eram os internatos, dos quais escapei. Escolas superiores, só nas Capitais, para onde tínhamos de ir. Começava então a vida nas pensões, algumas infames. A saudade de casa doía. Falar ao telefone interurbano era quase impossível. Levava horas para que a ligação se completasse.
Carro? Nem pensar nisso. Só tive o primeiro, e de segunda mão, aos quarenta anos. Comíamos o pão que o diabo amassou. Mas agüentávamos.
A molecada de hoje não sabe o quanto nos custou a vida. Está aí, sem fazer nada, e esbanjando. Aprender? Que bicho é este? Por isso mesmo, vive às custas dos pais e dos avós, e não se retira de casa, onde tem do bom e do melhor. Estão sempre fazendo mais um curso, o que é um pretexto: mestrado, doutorado, etc. E cada vez mais ignorantes.
Tratem de trabalhar, vagabundos!
Fiquei arrasado, mas afinal consegui superar a sua traição. Uma terceira, no ginásio, era professora de Biologia, e todos os dias chamava-me ao quadro negro para que eu desenhasse ali as figuras do livro adotado, a fim de expô-las aos alunos. Ela aprovava sempre os meus desenhos, com um aceno de cabeça quando eu retornava para a minha carteira.
Acho que as mulheres são vocacionalmente mais dotadas para o ensino do que os homens. São delicadas, e algumas belas. As professoras de antigamente quase sempre sustentavam os maridos, uns vagabundos. As professoras do primário começavam lecionando na roça, para onde tinham de ir todas as manhãs, de charrete. Só mais tarde é que conseguiam promoção efetiva para a cidade.
Antes, as escolas não eram mistas, as classes ou eram só de meninos, ou só de meninas. A separação dos sexos era rigorosa, desde que éramos pequenos, e mais tarde tudo viria a misturar-se. O mesmo acontecia nas igrejas: mulheres para cá, homens pata lá. O que não impedia o namoro e o casamento.
Duros eram os internatos, dos quais escapei. Escolas superiores, só nas Capitais, para onde tínhamos de ir. Começava então a vida nas pensões, algumas infames. A saudade de casa doía. Falar ao telefone interurbano era quase impossível. Levava horas para que a ligação se completasse.
Carro? Nem pensar nisso. Só tive o primeiro, e de segunda mão, aos quarenta anos. Comíamos o pão que o diabo amassou. Mas agüentávamos.
A molecada de hoje não sabe o quanto nos custou a vida. Está aí, sem fazer nada, e esbanjando. Aprender? Que bicho é este? Por isso mesmo, vive às custas dos pais e dos avós, e não se retira de casa, onde tem do bom e do melhor. Estão sempre fazendo mais um curso, o que é um pretexto: mestrado, doutorado, etc. E cada vez mais ignorantes.
Tratem de trabalhar, vagabundos!
Anníbal Augusto Gama
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